Talitalitola

Fracamente, são 3:18am e estou muito bem acordada. Não sinto meus olhos quererem pregar.

Hoje ou ontem (ainda não dormi)  tive um dia muito muito, na verdade extremamente terrível.

Dormi exatamente 4 horas. Acordei naquela depressão aguda! Chorei, básico. Pensei em me internar seriamente, preciso muito me ausentar, mas não dá. Depois tomei vergonha na cara e resolvi fazer as coisas. Decidi por as coisas em ordem e as contas na ponta do lápis. Sim, foi frustrante. Até aí tudo bem, já imaginava a situação, mesmo estando muito cansada e farta do trabalho, tenho que continuar até minha viagem pelo menos. 

BoOni veio até em casa e logo menos a Lua também, mais uma vez eu ouvi coisas que são pra me animar, que tenho que manter meu tratamento e blá blá blá. Não estou desmerecendo a preocupação delas, JAMAIS. É que é diferente, é muito diferente, não é uma coisa comum,  tenho vergonha até de falar as coisas que realmente penso com medo de assustar as pessoas. Tenho Deja vu. É bem estranho viu o.O

Fiz o que era necessário para o dia, e pra variar nunca conseguir terminar as coisas da maneira que quero. Aí já fico irritada. Ao entardecer, resolvi ligar lá pro Gbs pra ver meu HD de volta, consegui falar com ele, mas já não estava bem e ouvi ele dizer que meu HD tinha sido formatado a pedido de uma pessoa aí. 

Meu, foi totalmente sem noção a intensidade da raiva que foi me tomando, comecei a ficar muito irritada, comecei a sentir ódio, quero destruir tudo a minha frente. Pqp, meu trabalho todo da bolsa da NZ estava naquele HD, eu já tinha praticamente todo o processo novo, só teria que adaptar para o processo de UK. O  desespero junto com a ira me tomou, e fui indelicada com Gbs, ele também disse que esta pessoa tinha um DVD com o backup. Logo desliguei o fone com uma vontade subita de destruir a casa inteira, fiquei com muito medo e quando me dei conta, eu tinha ligado lá pra confirmar sobre o DVD do backup. Ao desligar comecei a chorar de tanta decepção e desgosto, realmente tudo foi deletado. Que merda, perdi todas as minhas coisas no HD, pior que com a situação bipolar que encontro, não consigo me concentrar para ter que formar novamente um processo de bolsa universitária. Infelizmente é isso, vou ter que começar a me dedicar, não quero mais uma vez perder prazos como ocorreu com a NZ.

Abstrair, abstrair, abstrair.

Fim de semana também foi completamente estressante, eu já não durmo tem meses. Tenho vontade de engolir vivo o meu médico, que porra é essa que nunca se resolve, eu quero dormir, eu quero fazer minha mente quietar, cessar. Me lembrei de 2006. Nesta época há 4 anos eu estava na Inglaterra, arrumando minhas coisas para vir pra o Brasil e tirar meu exame. Acabei por lembrar do ano de 2006 completo. Gostaria que hoje eu tivesse chateada como eu estava naquela época, porque mesmo chateada eu dormia, eu era ativa, eu funcionava. Estava na descoberta de tantas coisas. Meu amado pai estava vivo, a minha mãe também estava em casa, meus irmãos.  Eu tenho saudades de família. Saudades de quanto papai corta-me um pedaço de queijo branco com goiabada, do cheiro dos bolos que minha mãe fazia. Das sessões Cine pipoca que organiza com o Nene. Hoje eu percebo que meu pai mantinha-nos unidos. 

Eu quero tanto uma família! Ter alguém pra conversar em casa, alguém pra perguntar como foi meu dia, pra beijar a minha testa. Alguém que eu possa agradar e que queira me agradar. Alguém que cuide de mim e do Zezinho. Uma família que me apoie, que me incentive para eu me cuidar, para me tratar. Eu não tenho, não tenho. Foi papai morrer e cada um ir para seu canto, não que eles não tenham que ir, afinal, todos crescem e compõem suas famílias, mas sinto saudades de quando éramos nós, filhos, irmãos, pai e mãe.

Saudade do meu pai me ligando de madruga, perguntando se estava tudo bem, se eu iria demorar, se estava segura. 

Saudade de brigar com meu pai para ele tomar a medicação dele.

Saudade do carinho, dos conselhos.

Saudade das loucuras de minha mãe, sempre impulsiva, mas sempre fazem algo especial.

Saudade de sentir o cheiro dos dois.

Saudade de tantas coisas.. 

Saudades de uma família, mesmo não sendo a melhor, era meu porto seguro, meu limite.

Agora eu dedico a minha vida ao meu filho e ao meu individualismo de ser feliz sozinha. Quem sabe daqui mais uns 4 anos eu volte a confiar e acreditar no que as pessoas dizem.