Início do labirinto da garota perdida


História longa pra se contar. Vem de muitos anos atrás, acredito desde a infância dela.
Garota alegre, sorridente, comunicativa, delicada (as vezes) e amável. Mas algo obscuro ali dentro se escondia nela. Imagino que nem ela sabia de tal poder havia dentro de si.
Suas recordações são de seus 5 anos em diante. Ela era a baixinha do papai, menina-criança cativante e sorridente. Adorava vestir seu vestidinho branco com um broche de maçã bem vermelhinha. Tinha cachos dourados, também usava seus sapatinhos vermelhos. Gostava muito de falar, e mesmo falando errado, sempre tentava expressar-se da maior e melhor maneira possível. Sua família era constituída pelos seus pais, dois irmãos e uma irmã. Sempre foi muito unida aos irmãos, mesmo tendo aquelas brigas de irmãos que ocorre quando somos crianças. Ah, essa garota era uma fruta! Era suculenta de felicidade.

Durante seu crescimento foi descobrindo que sentia coisas estranhas, tais coisas, difíciéis de explicar,  não sabia o que acontecia, mas tinha certeza que sentia algo, este algo sempre era um fato grande e preocupante para a pequena, afinal, ela sentia e acontecia. Teve dificuldade escolares. Estudava de manhã o ensino normal e a tarde o especial. Sentia-se excluída, afinal, será que era burra o suficiente pra ter que estudar duas vezes a primeira série? Mas e as histórias que vinham em sua mente? Não eram válidas?

Os anos passavam e ela só crescia com o tal sentimento, ela tinha medo, muito medo dela mesmo e se questionava porque sentia aquilo tudo e porque não havia uma explicação. Será que ela é ou era sensitiva e não sabia? Mas ela foi pedindo, pedindo ano que ia e vinha e continuava  pedindo ao grandioso Deus que ela não queria mais aqueles sentimentos para ela. Na infância dos 10 aos 14 anos se tornou uma garota valente, jogava futebol com os meninos, e até brigava na rua com eles.

Aos 14 anos, descobriu que o pedido dela havia sido atendido, e todos aqueles sentimentos de que algo ruim poderia acontecer, aqueles sentimentos de entrar dentro de um lugar e sentir o mal ali também haviam cessado. Assim deu início a sua adolescência. Não foi nenhuma garota rebelde comparando a variedade de garotas na adolescência. Era até que calma. Sempre foi mais próxima ao  pai do que da mãe. A mãe era muito autoritária, um general como dizia o irmão mais velho. Impunha muito medo nas cabeças dos  4 filhos, e infelizmente não foi construído uma amizade entre mãe e filhos. Ela, a garota, foi a que mais se recusava as ordens, e ao se recusar, vinham brigas, castigos, surras, repressões, e era um martírio. Ela se perguntava, porque a mãe e ela nunca conseguiam entrar em um acordo. Começou a pensar que não era bem vinda ali, e que a mãe não a amava. Ela tentou de algumas formas chamar a atenção da mãe, namorou escondido, faltou em diversas aulas, reprovou a sexta-série.

Uma vez com a idade de mais ou menos 8 a 10 anos, a mãe havia colocado-a de castigo e disse: "A mocinha agora esta de castigo, não vai poder brincar e não vai sair pra ver os amiguinhos." Mas a garota não entendia o que tinha feito de tão grave para tal punição, e só crescia o sentimento que ela era a criança indesejada. Então ela resolveu se esconder. Pegou uma garrafa com água, umas bolachas e ficou horas debaixo da cama. Quando ali ficou chato, ela abriu a porta do guarda-roupa e ali se escondeu o dia inteiro. Chorou, porque as horas passavam e a mãe não sentia falta dela, até que adormeceu ali dentro. Foram horas ali. Escutou os irmãos e o pai entrando no quarto, e começou a ouvir mãe. As palavras da mãe eram de ódio. "Se essa menina aparecer aqui agora vai levar uma surra que nunca mais vai esquecer na vida". Isso só fez ela ter mais medo. Ao invés de ouvir a mãe dizer: " Cade minha menina, estou preocupada, onde será que ela esta?" Ela só ouviu torturas. Começou a chorar, e o irmão passando pelo o quarto ouviu e abriu a porta. Pegou-a, e disse: " Mãe, Pai, ela esta aqui" ! O pai perguntou o que havia acontecido, e mãe estava com cara brava. Ela disse: Estava brincando e acabei dormindo. Seu pai pergunta: Mas porque esta chorando? A garota diz: É que fiquei com medo de apanhar da Mamãe, ela soou muito brava e eu acordei com ela dizendo isso, fiquei com medo de sair e ter castigo.


E não era só ela que sofria tais opressões maternais, sua irmã também. Quando faziam algo errado na concepção de sua mãe, ela batia com cinta nas pernas das duas e  mandava-as de saia pra escola com as pernas toda marcada para ficarem com vergonha.
Uma vez a garota foi conversar com o pai, e dizer como se sentia sobre a Mãe.. a Mãe sempre estava escutando tudo, e ouviu tudo escondida. Depois a surrou. O pai brigou com a Mãe quando ficou sabendo, e foi quando a garotinha se sentiu muito péssima, porque viu o pai brigando muito bravo com a mãe, sobre a forma que fazia com todos, que não era necessário agressão, a discussão deles foi somente se agravando, quando o pai pegou a mãe pelo os braços e a apertou fortemente dizendo que não era mais para agredir nenhum de seus filhos mais. Ela assistiu tudo da escada da sala com os irmãos. A Mãe começou a chorar, o pai pediu pra que descesse, a garota lembra que quando passou pela a Mãe ela disse: " Olha, olha o que você fez, é tudo culpa tua, esta feliz agora?"  A garotinha se sentiu péssima ao ver o braço da mãe roxo devido o aperto que havia recebido. Imensa foi sua vontade de fugir.

Aos 12 anos teve sua menarca. Virou mocinha, é assim que as pessoas dizem né?! Mestruou. Mais uma vez o medo tomou o corpo da menina, pois ela não sabia o que estava acontecendo com o corpo dela. Ela ficou com medo de contar para a mãe e levar alguma espécie de punição. Contou a irmã, a qual contou pra mãe.
Ainda se lembrar que estava na cama chorando muito, quando a mãe entrou. Ela a menina achava que estava morrendo, e abraça a mãe pedindo desculpas. A mãe percebeu o desespero da garota e a abraçou e disse: " Você não vai a lugar algum, e muito menos eu, ninguém aqui vai morrer, você esta agora se transformando em mulher!"

Aos 16 anos começou a namorar, de uma certa forma a Mãe havia aceitado. As famílias de conheceram, e tudo ia bem. Ela já trabalhava, estudava, estava indo tudo bem. Parecia que ao envelhecer a tendência era só harmonizar. Mas a irmã mais velha também havia sofrido também, e a conectividade entre as duas era imensa, não eram apenas irmãs, eram amigas, confidentes. E quantas confidencias fizeram uma a outra.

Aos 17 anos continuava trabalhando, estudando, namorando o mesmo namorado. Tinha muitos amigos, amigos que são parte de sua história. Não imaginava que estava grávida, e quando veio sua suspeita, correndo foi ao médico, lá não souberam informar o que tinha dentro de seu utero, era necessário uma biopsia, o exame de sangue havia dado negativo. No dia seguinte veio o aborto espontâneo durante o seu horário de trabalho. Imagine, somente uma menina.. sozinha vendo aquele sangue todo saindo dela, achou que estava morrendo e não sabia o porque? Ao ir ao banheiro, sentou-se a toalet e sentiu que algo havia saído de dentro dela, e pra sua frustração maior, era algo sem formato e grande. E o sangue não parava, sua chefe percebeu, ela explicou e correram para o hospital. Lá foi examinada, e foi constatado que estava grávida, mas o feto já estava morto, com grande possibilidde de ter sido gêmeos, o corpo estava expulsando. Depois de anos sofrendo opressões de sua mãe, imagine como a garota se sentiu???! Depois que teve alta do hospital, que foi no mesmo dia, foram para a casa, sua chefe conversou com a Mãe, a qual foi muito carinhosa por sinal. A garota pensava que ela fosse ser expulsa e não foi o que aconteceu. A Mãe foi realmente uma Mãe naquela situação. Ela só ficou magoada foi com o pai e os irmãos, porque eles ficaram um mês sem falar com ela. Somente irmã e Mãe cuidando dela.

Foi daí e com a somatização de tudo que aquela coisa abstrata e obscura foi tomando conta e surgindo aos poucos dentro daquela garota. Foi sem perceber.. e foi despertando.

Ela não sabia que estava somente iniciando a maior batalha da vida dela. ELA X ELA.


continua...

0 Response to Início do labirinto da garota perdida

Postar um comentário

devaneios