A peça final


Neste tempo todo que questionei o porquê de minha existência descobri a minha ausência. Se perder dentro de tantos conflitos e sentimentos totalmente sem direção. Uma caminhada que parece não ter fim. Como se cada parada fosse uma cidade e cada cidade fosse um significado de que seu destino final está a caminho. Quantas foram as vezes que o pessimismo, aquele lado negro tivessem enganado o senso de alegria dada a cada parada.
Já não sentia a alma, e nada a alimentava, não me adiantavam quantos foram os sorrisos roubados, os abraços espontâneos exageradamente doados. O que é o que realmente tanto buscava?
Tantos gestos singelos prestados e recebidos, de nada adiantavam. De tantas consultas com o Mr. Oráculo e nada exalado. Porque não me dão na simplicidade a resposta para o que tanto procuro?
De tantas drogas, ungüentos medicinais, químicas poderosas de nada me adiantaram. Corria, olhando, na verdade caçando nos rostos, nas atitudes, em qualquer ação de pessoas a minha resposta. A nossa resposta.
Essa trilha, que não é sonora, mas que encanta docilmente meu ser deprimido faz com que involuntariamente sorria para a minha desgraça. Ah como minha alma não é tocada! O que me falta? O que nos falta?
Presenteada com um útero, presenteada com tal poder, mas sem nenhum entendimento para guiá-lo, e anos se passam somente vendo o quão péssimo ser fui a mim mesma. Por onde eu andava?
Claras noites ao luar a te olhar, a te velar, quantas lágrimas de satisfação e insatisfação rolaram a fazer-me afogar. Quantas batidas em portas diversas eu bati? E quantas vezes me perdi? Dentro da tão perdida vida que jorrava longamente sem destino, e assim te esqueci, me esqueci.
Brilhantes são as manhãs, sempre como um sonho real eu te vi, amanheci, e você ali. Mas te esqueci. Quantas vezes tocou meu rosto ao dizer que íamos ficar bem, quantas foram?
Supostamente sou eu a responsável por cuidar de ti, e quão nobre foste ao enxugar minhas lágrimas, ao abraçar-me, e lembrar-me que tudo há de ficar bem!
Como pude me perder assim? Porque ninguém simplesmente não me dava à mão e me mostrava à resposta? Porque de tanto sofrimento? Onde havia parado a tal esperança? Esta já não caminhava mais ao meu lado, e esperei tanto a resposta que não me lembrava mais se ela já havia aparecido.
E com tua bondade onipotente, deitaste ao meu lado, disseste que eu já havia dito mais que milhões de estrelas o quanto te amava, mas que nunca iria se cansar de ouvir a minha voz serena, às vezes brava, mas sempre com a certeza que a pureza dos mais fiéis sentimentos hão de te acompanhar em caminhada adulta.
Ah Deus porque demoraste tanto a mostrar-me? Realmente tinha que estar perdida assim para o verdadeiro encontro com meu eu?
Despreparadamente pega e respondida:
Nunca precisei. Nunca precisávamos de ninguém mais para sermos completos.
Amanhã quando for a tua vez de partir meu pequeno príncipe, eu estarei aqui, fielmente na torcida da conquista de sua futura e maravilhosa vida.
Hoje eu vi, hoje eu achei, hoje eu descobri que nunca precisamos de ninguém para sermos completos e felizes.
O que me resta é o perdão, olhar sempre à frente, pois os retrovisores de nada adiantam.

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